PAI
Como te chamarei, ó Tu, que não tens nome?
Aquele que saiu dos abismos de tua solidão, teu enviado Jesus, disse-nos que eras e Te chamavas PAI. Foi uma grande notícia!
Na tarde calma da eternidade,enquanto eras vida e fogo em expansão, eu vivia em tua mente, Tu me acariciavas como um sonho de ouro e tinhas meu nome escrito na palma de tua mão direita. Eu não o merecia, mas Tu já me amavas como se ama um filho único.
Da noite de minha solidão, levanto meus braços para Te dizer: ó Amor, Pai Santo, mar inesgotável de ternura, cobre-me com tua Presença! Estou com frio, e, às vezes, fico com medo de tudo. Dizem que onde há amor não há temor. Por que, então, esses negros corcéis me arrastam para mundos ignorados de ansiedades, medos e apreensões?
Pai querido, tem piedade e dá-me o dom da paz, a paz de um entardecer. Eu sei que Tu és a Presença Amante, o Amor Envolvente, bosque infinito de braços. És perdão e compreensão, segurança e certeza, júbilo e libertação. Saio à rua e Tu me acompanhas. Enterro-me no trabalho e ficas ao meu lado. Na agonia e mais além; Tu me dizes: estou aqui, contigo vou.
Ainda que eu quisesse escapar de teu cerco de amor ainda que escalasse montanhas ou chegasse às estrelas. ainda que voasse com asas de luz, seria inútil... Em aperto inevitável, Tu me circundas, me inundas e transfiguras.
Dizem-me que teus pés caminharam pelos mundos e pelos séculos atrás de minha sombra fugidia e que, quando me encontraste, o céu se desmanchou em canções. Com toda essa boa notícia, Tu me tornaste um filho prodigiosamente livre. Obrigado.
E agora, derrubas meus velhos castelos, as altas muralhas de meus egoísmos, até não sobrar em mim nem pó de mim mesmo, para eu poder ser transparência para meus irmãos.
E então, ao passar pelos mundos desolados, tambem eu serei ternura e acolhimento, iluminarei as noites dos peregrinos, direi aos órfãos: "Sou tua mãe", darei sombra aos extenuados, pátria aos fugitivos , e os que não tem lar abrigar-se-ão sob o beiral de meu teto.
Tu é meu lar e minha pátria. Nesse lar quero descansar no fim do combate. Tu velarás meu sono para sempre, ó Pai, eternamente amante e amado. Amém.
Manual de Oração ( Ignacio Larrañaga)